As investigações no âmbito da Operação Gravata, deflagrada na manhã desta terça-feira (12), revelaram que, além do envio ilegal dezenas de boletins de ocorrência para advogados que faziam parte do grupo jurídico de uma facção criminosa em Mato Grosso, imagens de viaturas da Polícia Civil durante diligências também eram encaminhadas às lideranças do Comando Vermelho que estão presas para mantê-las informadas e embaraçar investigações. A revelação é do delegado responsável pela investigação, Guilherme Pompeo.
Foram alvos da ação os advogados Hingritty Borges Mingotti, Tallis de Lara Evangelista, Roberto Luís de Oliveira, Jéssica Daiane Maróstica e o soldado da Polícia Militar, Leonardo Qualio. A Operação Gravata cumpriu 16 ordens judiciais, sendo oito prisões preventivas e oito buscas e apreensões, contra quatro advogados, um policial militar e três líderes de uma facção criminosa que estão custodiados no sistema prisional.
A ação operacional conta com apoio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e regionais da Polícia Civil de Nova Mutum e Sinop. Os mandados foram cumpridos nas cidades de Sinop e Cuiabá.
Quem enviava os boletins policiais para os juristas era um policial militar de Sinop. Depois, os boletins eram encaminhados aos líderes da facção criminosa que se encontram detidos no sistema penitenciário.
Em tempo real, aqueles que mantinham a organização e o controle do tráfico de drogas conseguiam informações sobre a atuação policial, tanto da Polícia Civil quanto da Militar.
A investigação apontou ainda que os advogados realizaram diversas tarefas para além da atividade jurídica legal, ou seja, atuaram à margem da lei com o propósito de embaraçar investigações policiais, repassar informações da atuação policial em tempo real, auxiliar em crimes graves, como tortura, realizando o levantamento de dados das vítimas, e ainda intermediaram a comunicação entre os líderes da organização criminosa, que estão presos, com outros integrantes que estão soltos. “Quem é policial de verdade não se sente feliz de prender um colega, mas, infelizmente, esse militar repassou boletins de ocorrência. Ressalta-se que as informações de boletim são sensíveis. Ali tem nome do condutor, tem o material apreendido. Isso nas mãos do advogado que, por sua vez, logo replicava as lideranças dos faccionados que estão lá dentro do sistema prisional já sabia em tempo real o que estava acontecendo na rua. Chegou ao ponto de ter a foto da nossa viatura dentro de uma casa em Tapurah e o advogado já ter acesso a essa imagem e replicar para as lideranças”, informou o delegado, durante entrevista ao Programa Cadeia Neles.