O produto editorial pelo qual espero a vida toda é um álbum de figurinhas da Torcida Organizada Os Fanáticos dos anos 1980. Desde que passei a frequentar o estádio, ver a miríade de tipos fantásticos de nossa torcida era tão legal quanto o jogo. Para mim, era conviver com uma das gangues do filme “Warriors – Os Selvagens da Noite”.
Nesta paisagem de seres luminosos se destacava Júlio César Sobota, o Julião. O cara da disposição. Da linha de frente. Cabeludo loiro como as bandas de hair metal, joiado com colares de caveiras de durepoxi, com tatuagens sinistras nos braços, algo raro até entre a “malária” naqueles dias.
Era ele quem acendia os fogos no gramado. Estava nas imagens das comemorações dos gols em lugares remotos. Era quem as torcidas adversárias odiavam. O ícone da nossa galera.
Presenciei extasiado quando ele levou o leitãozinho para dentro do Couto Pereira, imagem eternizada em grafite na sede da TOF. Lembro de meu espanto ao vê-lo creditado como “Diabo, torcedor do Atletico”, numa matéria da Globo sobre nossa arrancada no campeonato de 1991. Era essa mesma sua imagem pública.
Nas arquibancadas o vi amadurecer, perder os cabelos, se tornar religioso, chamar a torcida no gogó e virar o presidente da TOF. Uma figura complexa e paradoxal que transcendeu seu próprio destino ao eleger-se representante da caveira no parlamento municipal, uma plataforma inédita na política local.
Um passo largo e um tranco forte em sua vida. Faz dez anos que Julião não pisa na Baixada, mas ouvi que ele pretende voltar em 2024. Assim esperamos. Contradições à parte, Julião da Caveira é patrimônio intangível atleticano. Para ele, vale um dos slogans da torcida: “F¬#*- @* quem não gosta”.
Julião, o Caveira
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