Quando soube que Cocito iria no ônibus da galera até o Uruguai ver a final da Sul-Americana 2021, não me surpreendi. Disposição para a luta e comprometimento com as cores rubro-negras nunca faltaram a ele, pelo contrário.
Thiago Marcelo Silveira Cocito chegou em Curitiba aos 20 anos, vindo de Ribeirão Preto, em um pacote que ainda incluía Gustavo e Lucas (que achado!) para se tornar ídolo da nação atleticana muito por conta dessas qualidades, mas não só por elas.
Cocito não merece a fama volante-brucutu que muitos tentaram lhe impingir. Era ágil e dinâmico. Desarmava com precisão. Tinha categoria para controlar bolas difíceis sob pressão, repertório de dribles e passes curtos e médios e uma jogada-assinatura: o lançamento de letra.
Com tudo isso, foi quatro vezes campeão paranaense, em 1998, 2000, 2001 e 2002 e fez parte do grupo que ganhou a Seletiva em 1999. Na conquista do Campeonato Brasileiro de 2001 foi, com muitos corpos de vantagem sobre o segundo colocado, o melhor volante da competição.
Curiosamente, sua carreira ficou marcada por um lance nas quartas de final contra o São Paulo, numa dividida com o jovem meia Kaká. Da arquibancada, vi um lance de jogo, falta discutível, sem necessidade de cartão amarelo, como concordou o juiz.
Mas como Kaká saiu chorando de campo, o roteiro maniqueísta que a imprensa tanto gostava estava pronto: “o menino bonzinho contra o volante malvado”. Uma bobagem que prejudicou a carreira de Cocito.
Após o fim do ciclo de 2001, o volante rodou e, por ironia da bola, estava em Erechim com a camisa adversária em 2004, no mais trágico jogo de nossos 100 anos. Se estivesse com a nossa, o que teria acontecido? No ano seguinte, voltou para formar a sólida linha de três zagueiros que quase nos deu a Libertadores.
Anos depois, voltou a trabalhar no clube, como muitos de seus colegas da geração 2001. Quando o título nacional completou 20 anos, ele organizou uma grande festa para homenagear companheiros, diretoria e staff. Aposentado, Cocito segue tão atleticano quanto o volante raçudo que nos emocionava com seus lindos carrinhos.
Cocito, o volante raçudo
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